quinta-feira, agosto 10, 2006

Minha Florzinha se foi



Minha Florzinha se foi...
É, minha mãe, uma mulher extraordinária! Tinha Esclerose Múltipla desde os 14-15 anos. Teve-me com 19. Fez duas faculdades ao mesmo tempo (Direito- que ela concluiu – e Letras – faltou meio ano para concluir, mas a doença a impediu). Ahhh, cuidava de mim nesse meio tempo! Inteligentíssima! Minha Flor!
Sofreu muitos nos últimos anos, pois já não andava e não conseguia se alimentar sozinha... Não conseguia escrever e nem segurar os seus preciosos livros. Poderia passar horas falando dela, de sua grandiosidade. Nunca reclamou, nunca...
Claro que sentiremos sua falta, minha Flor, mas sabemos que você, agora, está realmente acalantada. E nós, de certa forma, aliviados, pois sofríamos muito por vê-la sofrendo.
E que fique registrado que ela pediu um terninho rosa e prímulas (não conseguimos muitas, pois não está na época...). Atendemos seu pedido minha Flor.
Tenho que agradecer à Ivete, sua enfermeira, que mais que uma enfermeira foi uma grande pessoa. Deu-lhe carinho, que eu, por estar longe, não conseguia dar com tanta freqüência. Sua filha foi a neta que meu filho não pôde ser, pela distância... Ivete, acima da profissão foi sua amiga, foi muito carinho. Enfermeira como esta, não se encontra facilmente. Muito obrigada Ivete! Eu sei que você também está sofrendo muito. E que este sofrimento, não é pelo emprego que você perdeu (não dê ouvidos aos pobres de espírito, eles são tão infelizes por não saberem que ela era – é- uma pessoa maravilhosa, não havia como não gostar dela). Emprego, eu sei, que não irá faltar para alguém tão aplicado e tão doativo quanto você. Você se doou a ela. Muito obrigada.

Lembro-me dela, minha Florzinha, Maristela, Stela ou Vó Tela (várias das formas como a chamávamos), recitando Gonçalves Dias:

“Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.”

E fica para você, mãezinha:

Ah! Toda alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.
.......................................................
(Cruz e Souza)

Mãezinha, és eterna em nossos corações!!! Te amo!
Mil beijos.

2 comentários:

Anônimo disse...

oS MEUS PESAMOS.FORÇA SEI O QUE CUSTA PERDER QUEM AMAMOS,MAS LEMBRE-SE QUE NO SEU CORAÇÃO VIVERA PARA SEPRE.
MIL BEIJOS DA MARY

Anônimo disse...

Oi Tati, meus pesames.Tb perdi minha mãezinha quando ainda tinha 8 anos.Fica-nos o consolo que leas deixaram de sofrer.
Beijocas